6 de abril de 2015

Retrato do Amor de Deus

Como pode a finita mente humana compreender o amor divino?
A 2ª estrofe do hino “Sublime Amor” (HASD 31) traz em sua bela poesia a seguinte afirmação:
Se em tinta o mar se transformasse,
E em papel o céu também,
E a pena ágil deslizasse,
Dizendo o que esse amor contém,
Daria fim ao grande mar,
Ao esse amor descrever,
E o céu seria mui pequeno
Pra tal relato conter.
Sabia que um “louco” quis fazer este cálculo?
Segundo este indivíduo, existem 18 quintilhões de litros de água no oceano e a produção média de uma impressora é de 25.000 páginas por litro de tinta. Sendo assim, daria para escrever 450 sextilhões (450 mais 21 “zeros”!) de páginas ou 450 quadrilhões de livros com 1000 páginas. Para isto, seriam necessárias 1 trilhão e 280 milhões de bibliotecas para caber tal quantidade de livros.
Na verdade, o amor de Deus ainda é bem maior que tal comparação!
Oséias 11:1-4: “Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho. Quanto mais eu os chamava, tanto mais se iam da minha presença; sacrificavam a Baalins e queimavam incenso às imagens de escultura. Todavia, eu ensinei a andar a Efraim; tomei-os nos meus braços, mas não atinaram que eu os curava. Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor; e fui para eles como quem alivia o jugo de sobre as suas queixadas, e me inclinei para dar-lhes de comer.”
Deus amou a Israel desde o princípio.
Deus chamou a Israel do Egito após quatro séculos de escravidão.
A história deste povo mostra o constante chamando de Deus através de seus profetas e o insistente distanciamento causado pela idolatria.
Iremos encontrar muitas vezes no livro do profeta Oséias a referência Efraim remetendo à nação de Israel (ver Os 4:17, 5:3, 6:4, 7:1, 7:11, 8:11, 9:3, 10:6, 12:1, 13:12).
Foi Deus quem fez Israel dar os seus primeiros passos no deserto...
Foi Deus quem tomava Israel nos braços quando caía...
Foi Deus quem curava as enfermidades que assolavam o povo...
Foi Deus quem mudou a história de um povo que vivia como animal de carga para um povo livre...
Era o próprio Deus quem alimentava diariamente o povo de Israel em sua caminhada...
E o texto lido é o grito de um pai que fez tudo por seu filho e este não o quis.
Será que aqui existem pais amargurados que fizeram o melhor que podiam por um filho e este ainda não reconheceu?
Deus conhece a sua angústia. Ele já sentiu a mesma dor que talvez o seu coração esteja sentindo neste momento.
Oséias, filho de Beeri, foi um profeta do reino do norte, ou Israel, que viveu sete séculos antes de Jesus e teve um ministério de aproximadamente sessenta anos (entre 792 a 722 a.C., cf. Os 1:1).
Oséias, em grego, vem da mesma raiz do nome Jesus e ambos em hebraico significam: “salvação”.
Deus falava ao povo por meio do profeta Oséias e, quem sabe, quando este se anunciava: “Eu sou Oséias”, aos ouvidos do povo soava a afirmação: “Eu sou Jesus, eu sou a salvação”.
O livro de Oséias traz a história do incompreensível amor deste profeta por sua esposa Gômer, o que levanta muita discussão sobre a literalidade do fato, sob a argumentação de que Deus jamais exigiria algo tão incômodo de um profeta.
Se literal ou não, esta história ilustra o imensurável amor que Deus tem por seus filhos, mesmo diante de sua ignorância e insistência em cair e tropeçar.
A síntese desta história é: Deus acredita no ser humano!
Não há quem tenha ido tão distante e agido tão gravemente que não possa reverter o curso de sua vida.

O Pedido de Deus
Deus queria que a vida do profeta Oséias fosse para o seu povo um sermão vivo sobre o seu amor.
Oséias estava com seus trinta anos de idade quando Deus o pediu: “vai, toma uma mulher de prostituições...” (Os. 1:2).
Contemporizando: Deus estava pedindo para Oséias assumir um compromisso conjugal com uma prostituta, andar de mãos dadas com esta mulher pelas ruas, dar-lhe um vestido branco, levá-la aos cultos, dar-lhe o seu sobrenome, dizer-lhe publicamente: “eu te amo”, mesmo a despeito de seu passado negro, impopular e vergonhoso.
Parece loucura!
Imagine as pessoas o observando e cochichando: “que trouxa!”.
Mesmo que isto soe como loucura, Jesus não teve vergonha de sair dos céus e descer a este prostíbulo chamado planeta Terra, tomar o fracassado ser humano pela mão, cobrir-lhe a nudez com as vestes brancas de sua justiça, dando-lhe também o poder de seu nome e dizer diante de todo o universo que nos ama, mesmo a despeito de nossa culpa e dos cochichos de Satanás.

Obediência de Oséias
Todo pai fica feliz com a decisão de casamento de um filho.
Oséias não era um adolescente – este era um homem maduro de trinta anos de idade.
Imagine a felicidade dos pais do profeta com a notícia do casamento do filho.
Mas então vem a pergunta inevitável: “quem é a noiva?”. “É filha de outro profeta? Do pastor? Do ancião? São meninas tão boas, envolvidas com a igreja, prendadas e estudiosas...”.
Dava um nó na garganta de Oséias ao interromper-lhes dizendo: “não, não é essa!”.
“Então nos diga meu filho” – insistiam os pais.
Quão duro foi para Oséias erguer os olhos e dizer que era Gômer a sua noiva – aquela que vendia o seu corpo.
Tamanha foi a surpresa e a decepção. Todos acharam uma loucura.
Sabe que os anjos também acharam uma loucura Jesus descer aqui para nos redimir?
Estes se ofereceram para virem no lugar de Jesus, mas este lhes explicou que criaturas não poderiam salvar criaturas, somente o seu próprio Criador.
Jesus não sentiu vergonha de entrar num prostíbulo chamado mundo para tirar-nos duma vida vergonhosa e devolver-nos a dignidade, o respeito próprio, o senso de valor, para que pudéssemos ser libertos da angústia, das discórdias, da culpa, das desavenças, do desespero e pudéssemos olhar com esperança para o futuro.
Foi por isso e por você que um dia Jesus veio aqui neste mundo!

Casamento e Crise
Então Oséias finalmente se casou com Gômer.
A lua-de-mel foi maravilhosa, bem como os primeiros tempos de casado.
Você se lembra de quando conheceu a Jesus? Como era o seu entusiasmo, o seu louvor, o seu desprendimento para com os trabalhos da igreja?
Como é intenso o primeiro amor!
É possível que este tenha ficado no passado, mas Deus hoje nos chama de volta a vivermos o primeiro amor (ver Ap 2:4).
Daquela união feliz veio o primeiro filho que recebeu o nome de “Jezreel” (Os. 1:4), que significa “Deus semeou”.
Deus semeia bons frutos para aqueles que com amor se unem a Ele.
Os frutos semeados por Deus são capazes de suprir todas as nossas necessidades e completam o vazio existencial de cada vida.
Mas como muitos um dia fazem, Gômer, que quer dizer “seca” ou “dura”, abandona os bons frutos que semeados por Deus, sua casa, seu marido com a criança pequena e vai à procura de um amante.
É difícil encontrar um amante? Não. E Gômer encontrou este amante.
No mundo, quem procura tranqueira certamente encontrará.
E parecia que Gômer estava vivendo bem estas mazelas com seu amante.
Toda vez que alguém abandona os caminhos de Deus as portas do mundo se abrem.
As luzes piscam fortes, o colorido é tão atraente e uma falsa sensação de saciedade é sentida.
Mas não se iluda, o que é bonito logo se passa e amarga é a experiência de se viver longe de Deus.
Alguém já experimentou chupar comprimido de sulfato ferroso?
Quando a doce capa vermelha se acaba, amargo é o conteúdo interno do comprimido.
Tudo que o diabo proporciona parece doce nos lábios, mas se torna amargo e deixa marcas para sempre.
O amante de Gômer que era amável no início, enxotou-a quando esta se engravidou.
Aos olhos humanos, que esperança poderia existir para uma mulher que escolhera esta triste sorte?
Como ter coragem de voltar pra casa?
Muitos têm ido tão longe ao mundo do pecado que não tem mais forças e coragem para retornar.
Não importa se te faltar coragem. Deus é quem toma a iniciativa pela sua volta.
Assim como aquela ovelha que estava perdida (Lc 15:3-7), ferida e cheia de carrapichos, Jesus é o bom pastor que vai em busca daqueles que estão perdidos pelo mundo.

Segundo Pedido de Deus
Deus fez um segundo pedido a Oséias: “vai e toma de volta a tua mulher”.
Fazer isto era algo humilhante – seus vizinhos iriam rir e caçoar, piadas grosseiras seriam feitas com Oséias.
As pessoas iriam dizer: “isto é que dá casar-se com uma prostituta... que homem sem moral!”.
Quando viam aquela mulher desabrigada e grávida diziam: “quero ver se o profeta é bobo de recebê-la de volta”.
A verdade é que Oséias a recebeu.
E seria tão bom se a história acabasse por aqui.
Mas a história não acabou por aqui. Sabe por quê?
Porque esta é a nossa história!
Seria tão bom se houvesse aqui um ponto final em nossos altos e baixos e em nossas recaídas ao mundo!
Gômer gerou desta vez uma filha e Deus orientou que esta se chamasse “Desfavorecida” (Lo-ruamá) (Os 1:6) porque em pecado foi concebida.
Parece algo terrível, mas a Bíblia diz que todos nós somos destituídos da glória de Deus (ver Rm 3:23).
Gômer desta vez deixou as duas crianças com o esposo e voltou ao mundo, engravidando-se pela terceira vez.
O amante, a exemplo do anterior, também a abandonou.
Bem, talvez pensemos, perdoei uma vez a traição, agora duas é demais!
Já pensou se Deus pensasse como nós pensamos!
Já pensou se Deus nos tratasse desta forma?
Você já pensou no diz constantemente para Deus na oração do “Pai Nosso”?
“Perdoa as nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores”.
Você já refletiu sobre a gravidade destas palavras?
Ai de nós se Deus nos perdoasse como temos perdoado o nosso próximo!
Quantas vezes Deus já perdoou às suas traições?

Terceiro Pedido de Deus
Deus vem novamente e pede para que este recebesse de volta a sua mulher.
Quem sabe, imaginamos Oséias implorando que não agüentava mais os gracejos.
Pessoas cuspiam até no rosto de Oséias por tanta indignação.
A mensagem implícita de Deus era que para a humanidade ser salva alguém teria de ser cuspido e suportar os caçoamentos e xingamentos, enfrentando até a cruz.
Deus estava dizendo claramente a Oséias: “você Oséias, que quer dizer ‘salvação’, sou eu e sua mulher Gômer, que quer dizer ‘dura’ é meu povo”.
“Sinta como dói amar sem ser amado e compreender sem ser compreendido”.
“Veja como o caminho da salvação passa pela vergonha, dor e sofrimento”.
Oséias novamente recebeu a Gômer e o filho que nasceu Deus pediu que “não-meu-povo” (Lo-ami).
Este filho não era dele, mas ele o amaria, assim como Deus ama o pecador.
Toda vez que voltamos a Jesus, este nos recebe de volta, mas trazemos marcas inapagáveis do pecado.
O pecado marcou eternamente as mãos de Jesus.
Muitos filhos de Deus querem introduzir na igreja vãs filosofias, músicas e comportamentos errôneos, mas Jesus diz: “este filho não é meu, mas eu te amo assim mesmo”.
Deus não aceita o pecado, mas também não rejeita o pecador.
Temos que saber diferenciar isto em nossas vidas.
Se alguém cai e erra, vamos e detonamos essa pessoa e não o seu pecado.
Deus se enoja do pecado, mas aceita e ama o pecador.
Limitamos as chances de uma pessoa errar, mas Jesus jamais desiste de acreditar em você.
Mesmo que esteja imundo e sujo de chiqueiro, assim como o filho pródigo estava, Deus deseja lhe abraçar e lhe beijar.
Jesus acredita em você.
Ele hoje está dizendo: “as marcas que você traz em sua vida, não é meu filho, mas eu te amo”.
“Esta sua vida miserável que eu detesto não é a minha vida, mas eu te amo”.

Outra Recaída e o Quarto Pedido de Deus
Gômer voltou mais uma vez ao mundo.
E a cada afastamento os ardis do maligno são mais fortes.
A pessoa se torna pior.
Por isso jamais largue os caminhos do Senhor.
Gômer agora cai na mão de um homem perverso que a explora financeiramente.
Agora, era abusada e o que recebia não lhe pertencia.
Gômer estava escravizada.
Deus então pediu novamente ao profeta: “vai resgatá-la”.
“Senhor! Agora não! Desisto!” – assim pensaríamos.
Agora não era somente buscar. Era necessário pagar o preço do resgate.
O profeta era alguém pobre e sem posses. Acredita-se que Oséias tenha sido padeiro (cf. Os 7:4-8).
Então Oséias passou a trabalhar ao ponto de seu rosto suar e suas mãos sangrarem.
Jesus um dia suou gotas de sangue por você.
Deus não se cansa e nem se fatiga, mas um dia cansou junto ao poço para salvar você.
O profeta pegou o dinheiro que custou suor e sangue, pagou o preço e trouxe Gômer de volta (Os 3:2).
Nesta altura, Oséias não se importava mais com os risos e com o rótulo de bobo.
Quando Gômer chegou em casa e viu as mãos ensangüentadas de seu marido, esta lhe pergunta o motivo das chagas.
Então Oséias respondeu: “tive que sangrar para pagar a sua liberdade”.
Só aí Gômer entendeu a monstruosidade de sua conduta.
“Eu não sabia que me amava tanto. Agora serei uma serva por amor”.
O amor de Deus conquistara finalmente seu coração.

No texto inicial Deus diz: “eu ensinei a andar a Efraim” (Os 1:3).
Pense num pai ensinando um filho a andar, dizendo: “vem”.
A criança com as perninhas bambas vem e cai uma, duas ou três vezes.
O pai bate no filho por isso? Não! Corre, abraça e o anima.
Um filho de Deus aprende a andar sem cair? Ou você acha que se cair Deus deixará de amar você?
Se um pai humano pode amar assim, Deus não pode amar muito mais?
Não é porque você já tem 30 anos de vida cristã e andando torto, é que Deus deixou de te amar.

Entregue a Ele sua vida para ser vitorioso até o fim.


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